Mentir de vez em quando é até saudável, mas essa prática pode sim se tornar doentia
por Júlia Pontes e Renata Bellato
"-- Não chore,
Pinóquio! -- disse a Fada Azul abrindo com a sua varinha mágica o cadeado da
gaiola. -- Sempre que você mentir seu nariz o denunciará e crescerá
(...)". A fábula do Pinóquio é conhecida por muita gente e conta a
história de um bonequinho de madeira que ganhou vida através da mágica de uma
fada. Toda vez que ele mentia, seu nariz dobrava de tamanho.

A mentira é tão
intrigante para nós que uma das coisas que mais almejamos é poder descobrir
quando alguém está ou não mentindo. A psicologia estuda a linguagem corporal e,
segundo ela, há algumas formas de saber isso. Camila Gomes, psicóloga, afirma
que geralmente o indivíduo tende a piscar muito e não consegue manter o olhar
fixo em seu interlocutor no momento em que está contando a mentira.
Só que ela alerta que
isso não é algo exato. Existe muita gente que possui dificuldade de fixar o
olhar na pessoa que conversa, por motivos de ansiedade ou outros problemas, e isso
não quer dizer que ela esteja, necessariamente, mentindo.
Deixar de falar a
verdade algumas vezes, e sem segundas intenções, é normal, faz parte da
condição humana. A psicóloga Tatiana Faion Fontanari afirma que muitas vezes as
pessoas mentem para serem aceitas socialmente, crianças mentem para
satisfazerem os pais, ou por pressão e imposição. "Em ambientes muito
invasivos, julgadores e dominados pelo autoritarismo acabam mentindo para
conseguir sobreviver, como um mecanismo de defesa", diz.
Só que o que pouca
gente sabe é que mentir pode se tornar uma doença. De acordo com Tatiana, o
indivíduo vê na mentira o melhor modo de se relacionar porque não suporta o
conflito entre seus desejos e a frustração imposta pela realidade. Geralmente
ele só deixa de mentir quando aceita a sua própria situação de precariedade.
Imagem: pinoquio
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